A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda subiu a previsão para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano de 2024. A projeção avançou de 3,7%, no último relatório (de maio), para 3,9% neste relatório (de julho).
Segundo a pasta, essa estimativa já leva em consideração os impactos do câmbio mais depreciado e da calamidade no Rio Grande do Sul nos preços, além dos reajustes recentes anunciados para os preços da gasolina e GLP (gás).
Para 2025, a previsão de inflação também foi revisada pelo governo para cima, de 3,2% para 3,3%, principalmente para incorporar a expectativa de maior cotação do dólar, mas a perspectiva de desinflação permanece, devendo ser observada tanto para preços livres como para monitorados.
As estimativas foram apresentadas nesta quinta-feira (18/7) no Boletim Macrofiscal, divulgado junto com a versão atualizada do Panorama Macroeconômico, que traz as projeções de curto e médio prazo.
No último Relatório Focus, de segunda-feira (15/7), as previsões para a inflação caíram. O mercado projeta que o índice deve terminar o ano em 4%, ante 4,02% na semana ada. A previsão do IPCA havia subido por nove semanas seguidas. Agora, na décima projeção, o indicador apresentou queda.
Já para 2025, o mercado subiu pela décima primeira vez consecutiva a expectativa para o IPCA no ano que vem. Nesta semana, ficou em 3,9%, contra 3,88% na semana ada.
A meta de inflação tanto para 2024 quanto para 2025 é de 3% (centro), com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.), que permite uma oscilação de 1,5% a 4,5%.
Estimativa para o PIB segue estável
Para o crescimento da economia, a Fazenda manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 em 2,5%.
Segundo a área técnica, os principais vetores de crescimento em 2024 seguem sendo “o vigor das vendas no varejo e a demanda crescente por serviços prestados às famílias”, que geram novos postos de trabalho, mais rendimentos e condições menos restritivas de crédito.
A secretaria ressaltou os impactos da calamidade no RS e defendeu que as consequências negativas das enchentes no estado sejam compensadas por medidas de e às famílias, empresas e aos governos estadual e municipais.
Para 2025, a Fazenda espera que o PIB fique em 2,60%, abaixo da previsão anterior (2,80%).
O número projetado para o PIB de 2024 segue um pouco acima daquele estimado pelo mercado financeiro. Os analistas do mercado aumentaram a estimativa para a economia brasileira neste ano, de 2,10% para 2,11%, e mantiveram a de 2025 abaixo de 2%, mais precisamente em 1,97%.
Impacto da calamidade no RS
De fins de abril até início de junho, chuvas intensas afetaram a atividade de mais de 70% dos municípios do Rio Grande do Sul, onde se encontram mais de 85% da população do estado.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o RS respondeu por cerca de 6,5% do PIB brasileiro em 2021. A participação do estado foi inferior apenas à de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Segundo os cálculos da SPE, as enchentes no estado gaúcho devem ter impacto negativo de cerca de 0,25 p.p. no PIB brasileiro em 2024. No entanto, esses efeitos tendem a ser compensados, ao menos em 2024, pelas medidas de e às empresas e pelas transferências diretas às famílias e aos governos estadual e municipais.
“Apesar de na atividade nacional o impacto líquido da calamidade ser próximo a zero devido aos esforços empreendidos pelo governo federal para auxílio à população afetada, a agropecuária e a indústria de transformação deverão ser setores mais afetados. Os impactos mais negativos da calamidade sobre a atividade deverão aparecer no PIB do segundo trimestre, sendo compensados nos trimestres seguintes”, escreveram os técnicos da pasta.
A agropecuária e a indústria de transformação deverão ser os setores mais afetados, sendo que os impactos mais negativos da calamidade sobre a atividade deverão aparecer no PIB do segundo trimestre, sendo compensados nos trimestres seguintes.