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    Haddad na berlinda: crise do IOF gera desgaste triplo no governo

    No topo da lista de possíveis nomes do PT caso o presidente Lula desista de concorrer à reeleição em 2026, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) sai triplamente desgastado da crise do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O diagnóstico do múltiplo desgaste é o seguinte: i) a interlocução com o Congresso de quem já foi um dos principais negociadores do governo ficou abalada; ii) o sentimento predominante na população medido nas redes sociais é negativo, com a percepção de “chantagem fiscal e de falta de alternativas viáveis à medida”; e iii) no mercado financeiro, prevalece a análise de que ele está mais fraco do que no início do governo.

    Se o desgaste no cargo de ministro da Fazenda pode afetar o desempenho de Haddad nas urnas ou fazê-lo ser descartado como plano B do PT em 2026, ainda é cedo para dizer, avaliam especialistas. Internamente, porém, há quem o mantenha em alta conta na lista de opções, embora haja também quem trabalhe diariamente para bombardeá-lo.

    Em entrevista ao PlatôBR na semana ada, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, uma das vozes mais fortes dentro do partido, apontou Haddad como a melhor alternativa em caso de uma eventual desistência de Lula. Mas, se de um lado há quem o defenda, de outro tem o conhecido fogo amigo. Haddad enfrenta a resistência de setores relevantes da sigla e rusgas com ministros de peso, como Rui Costa (Casa Civil).

    Para o analista político Melilo Diniz, é fato que o ministro está pagando um preço pela crise atual, maior do que as anteriores. Ele argumenta, porém, que não dá para garantir que isso o inviabilizará para qualquer disputa em 2026, seja para o lugar de Lula ou para uma vaga no Senado por São Paulo. “Isso vai depender da capacidade do governo de resolver essa encrenca com o Congresso e do desempenho da economia na virada do ano”, avalia Diniz.

    Um levantamento realizado na plataforma de monitoramento de redes sociais V-Tracker a pedido do PlatôBR mostra que, uma semana depois da divulgação do aumento do IOF sobre várias operações de crédito, seguro e câmbio, o nome do ministro segue bombando nas redes. E o sentimento predominante em relação à imagem dele é extremamente negativo.

    Na análise, feita com ajuda de inteligência artificial em cerca de 5 mil postagens na última quinta-feira, 29, exatamente sete dias após o anúncio e o recuo parcial no aumento do imposto, 82,65% foram referências negativas para o ministro e para o governo, contra 16,07%, neutras e apenas 1,28% positivas. O dado considera dez diferentes plataformas de conteúdo digital (de X, antigo Twitter, Instagram e YouTube a Threads e Bluesky).

    “A população, parlamentares e setores produtivos expressam frustração, preocupação com o impacto econômico e político e rejeição à medida”, conclui o relatório. Entre os fatores que influenciam esse sentimento estão a percepção de má gestão fiscal, o impacto negativo para os trabalhadores em geral, a falta de diálogo com o Congresso e a ameaça de bloqueio das emendas parlamentares. A imagem de Haddad fica associada a problemas como incompetência e falta de transparência.

    Outras crises


    O ministro já havia sofrido fortes críticas da população nas redes sociais no início do ano. Elas foram desencadeadas por uma instrução normativa da Receita Federal que exigia a informação de transações por meio do Pix de até R$ 5 mil por mês. A norma foi derrubada e o prejuízo ficou na conta de Haddad. Antes disso, no ano ado, ele foi alvo de memes impulsionados pela oposição durante a discussão da taxação das compras em plataformas digitais de produtos importados de até US$ 50, a chamada “taxa das blusinhas”.

    Para aliados de Haddad, a economia segue dando sinais positivos e isso é o maior cartão de visitas do ministro. O PIB, que representa a soma de tudo o que é produzido no país, cresceu 1,4% no primeiro trimestre do ano, impulsionado pelo mercado de trabalho, pelo aumento na renda e pelo bom desempenho do setor agrícola. Esses aliados reconhecem, porém, que, desta vez, a crise com o Congresso ou um pouco do ponto e prejudicou o ministro.

    Ao mesmo tempo, eles destacam que, desde a eleição de Lula, Haddad colecionou conquistas importantes, entre elas, a construção da PEC da Transição, que abriu espaço para melhor execução orçamentária no primeiro ano do atual mandato, e o arcabouço fiscal, para tentar segurar o crescimento dos gastos públicos. Além disso, afirmam que Haddad sempre teve um bom relacionamento especialmente com o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta. A relação, argumenta um interlocutor do ministro, “não ruiu” e há espaço para desfazer qualquer mal-entendido.

    No mercado financeiro, o episódio do IOF foi considerado por analistas como “um desastre” e reflete a dificuldade do ministro de conseguir fazer “o que ele sabe que é preciso ser feito”. Ainda assim, ainda é forte a leitura segundo a qual se está ruim com ele, sem ficaria ainda pior.

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