A Polícia Civil confirmou ter concluído e relatado à Justiça, nesta quarta-feira (4), o inquérito policial sobre a morte de Antônio Lopes de Siqueira, de 73 anos, ganhador que levou sozinho mais de R$ 201 milhões no sorteio da Mega-Sena, em novembro. Ele morreu 24 dias após o sorteio, enquanto fazia um tratamento odontológico em uma clínica de Cuiabá.
O documento indicia o dentista da clínica por homicídio culposo, ou seja, quando não há a intenção de matar, com agravante por descumprir regras técnicas da profissão (veja mais abaixo).
Segundo a investigação, o procedimento odontológico que levou à morte de Antônio foi feito com diversas falhas graves. Entre elas:
- Falta de monitoramento adequado, sem acompanhamento contínuo dos sinais vitais do paciente, como uso de oxímetro e monitor cardíaco;
- A anamnese, entrevista para conhecer o histórico do paciente, foi superficial e feita apenas com marcações em um formulário padrão, sem aprofundamento;
- A clínica não contava com equipamentos básicos como desfibrilador ou e avançado de vida
- Foi aplicada uma dose elevada de anestésicos, sem considerar que o paciente era cardíaco e sem avaliação prévia feita por cardiologista.
Além disso, o documento aponta que a equipe clínica não reagiu de forma adequada ao agravamento do estado de saúde do paciente. Houve demora no atendimento e, mesmo com sinais de piora ainda na recepção, ele foi liberado sem o acompanhamento necessário.
Segundo o delegado Edison Pick, essas falhas mostram a falta de cuidado e o descumprimento de normas básicas da odontologia, o que contribuiu diretamente para a morte do paciente.